O diário de um jornalis...não, só de um bêbado mesmo.

terça-feira, 29 de julho de 2014


Não sei identificar qual é o gosto que está em minha boca agora. Poderia ser vodka, vinho ou vômito, mas é só vergonha, veja só você...

Boca seca, vinho seco, vida seca. Nem dormi ainda e minha cabeça já dói. Tô meio desidratado, já chorei demais. Eu não deveria, mas eu me permito, foi um dia difícil. Mais do que isso, vem sendo um caminho difícil, como se as vãs lamentações deste que vos fala fossem válidas. Hoje tinha tudo para ser só mais um dia ordinário, não muito diferente dos outros aos quais me acostumo cada vez mais. Todavia, a realidade insiste em bater. Sim, consegue bater forte até para um bêbado que mal sente as pontas dos dedos que fedem a cigarro...

Acertou em cheio. Estou cheio. E todo o embaraço me faz ficar aqui no quarto escuro sozinho. Não consigo sair, enfrentar o mundo com essa cara patética. Sentado no chão, de meias meio úmidas, permaneço aqui escrevendo as poucas memórias, os falsos arrependimentos e os sentimentos anestesiados de um bêbado solitário sem interlocutor. Diz, quem é que vai querer me ver assim? Pleno começo de semana, o mundo girando e cagando e eu aqui, com uma garrafa já no fim. Mentira, a garrafa já acabou, foi só pela rima e referência - pra quem mesmo? HAHA. Poderia dizer que sou um sóbrievivente de mais um dia, mas seria a maior mentira de um ébrio triste na calçada, querendo a lua namorar...

Retiro.

quarta-feira, 9 de julho de 2014



Vou afastar-me
E aceitar em mim
Todo cálice profano
Pra ser mais sagrado,
Ou apenas ser humano
De mãos unidas, 
Lado a lado
Daquilo que tenho
Do que desdenho
Em mim, nefasto
Não afasto. Não retiro.
Respiro, respiro
Respírito.