O ardor alaranjado corta o carvão
E revela o incêndio não cicatrizado
No braseiro de entranhas que sobra
Do meu corpo outrora incendiado
Feito sopro quente de respiração
Corre o vento no calor conservado
E, deslizante, se dobra e desdobra
Entre o carvoeiro quase apagado
E tudo que é, das cinzas rebenta
E tudo que há, às cinzas retorna
Assegura o carbono imperativo
E quando findar o fogo abrasivo
Deixai a superfície fria e cinzenta
Nada há de nascer da brasa morna.