Lua e Sol

domingo, 28 de junho de 2009
Somos lua e sol. Coexistimos no mesmo céu, mas não juntos...

Você é sol. Mesmo de longe, faz o dia, traz a nitidez. Traz um pouco de sensatez aos meus pensamentos que já não são dos mais sãos. Tua luz incomoda a vista ao ponto de me cegar por completo às vezes, mas meu ponto de vista não importa...os sentidos se enganam. Apesar disso tudo, é o sol de todos os dias que aquece o corpo, que “mantêm” a vida mesmo estando os dias tão nublados.

Eu sou lua. Mostro-me solitário corpo celeste enquanto você se esconde ao oeste. Enquanto você tem a luz, a verdade, a companhia das pessoas na rua, os sorrisos e o canto dos pássaros, eu tenho a escuridão e o ilusório, tenho a saudade e as lágrimas da solidão, tenho o silêncio do teatro das estrelas. Lua que, mesmo longe, vela por ti todas as noites.

E quando você reaparece e está tudo bem e claro, vejo que já é minha hora de ir. É outro dia e eu fico a esperar os ECLIPSES...

Link para ouvir: You.

Silêncio

quarta-feira, 24 de junho de 2009


Violo meu silêncio com acorde diminuto
Feio, triste e delirante...
Breve momento de atmosfera dissonante
Seguido novamente de silêncio absoluto.

O seu canto aveludado eu ainda escuto
Suave, doce e acariciante...
E mesmo que por alguém eu me encante
Cantarei apenas um silêncio de quase luto.

Ode ao Ultra-Romantismo!

quinta-feira, 18 de junho de 2009
(Clicar na imagem para ampliar - O bebedor de absinto por Viktor Oliva)

Loucura é só o que sinto...
Absinto, que abstrai a lucidez
Dai inspiração ao velho poeta
Em meio à febre que o afeta

Dai o spleen, bebida calorosa
Que a noite é jovem, fria e é formosa!
Que a névoa de lágrimas cubra o dia morto
E o mal-do-século cure o verso torto

Que o uivo à lua seja rouco
Pois a tosse revela a enfermidade
Que o meu viver seja de todo o mais louco
Para dar razão à terrestre efemeridade...

E a vela arde em sutil luminosidade
Enquanto nós morremos, em tão tenra idade!
Suicídio da métrica, da forma, de modo vil,
Somos os mais malditos nesse mundo sombrio

O calor do delírio sua a carne pálida
Apesar de vagarmos em noite gélida
Somos os solitários em insônia febril
Somos os mais malditos que alguém já viu!

Os filhos da chuva, do vinho e da morte,
Ciganos vivendo da mais pura sorte!
Acenda esse fogo só por um minuto
Pra que eu queime o poema num grave charuto...


Por Sallazar e Pandora.

Especial Dia dos Namorados

sexta-feira, 12 de junho de 2009
Se sempre falamos de amor, hoje não poderia ser diferente...

Soneto do Amor Total

"Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude."
Soneto da Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

Vinicius de Moraes

Felicidades, alegrias e amores!

Boas vibrações e violões

sábado, 6 de junho de 2009
"Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não pára..."

Como diz Lenine



E o show foi, sem medir palavras, FODA! Até porque não tem como não gostar dessa genialidade. Não tem como não babar pra essa originalidade. Não tem como não admirar essa mente. Mente ou não sabe o que dizer quem diz não gostar!

Pois bem, minha trajetória no decorrer do (muito) esperado evento foi...
Cheguei lá por volta das nove e meia da noite e aguardei o início do show. Lugar marcado e tudo muito tranquilo. Confesso ter estranhado por estar acostumado a lugares muito apertados e cheios de pessoas alcoolizadas jogadas ao chão com muito barulho.
Apagam-se as luzes e nota-se um movimento no palco antes vazio. A galera começa a se animar, mas ainda não era O cara.
Uma leve luz, e apenas ela, acende revelando o centro do palco. Finalmente, Lenine surge na luz e a música começa regada àquele inconfundível sotaque...

Aquela atmosfera dissonante do novo CD me agradou bastante. Ritmo, uma relativa agressividade instrumental e palavras que, de fato, são poesia. Além de mostrar o filho mais novo, embalou a noite com os mais velhos também. Foi tudo muito bom.
E quanto tudo parecia acabar em...
"O contra, o encontro, a contração
A era, o eros, a erosão
A fera, a fúria, o furacão
O como, o cosmo, a comunhão
A comunhão

O pré, a prece, a procissão
O pós, o póstumo, a possessão
A cor, a corte, a curtição
Amor, a morte, a continuação
A continuação"
Sim, houve uma continuação. Ouvimos ainda Alzira, Panciência (acima) , Hoje eu quero sair só entre outras mais...

Valeu. Grande abraço a todos.