Oi, meu nome é Bernardo e estou a 309 dias sem amar. Sim, eu conto os dias. Confesso que, vez ou outra, ainda tenho recaídas e sinto sintomas de saudade: Falta o fôlego; as pernas - e principalmente a voz - tremem; calafrios e devaneios [...] Aparento agora uma idade que eu não tenho. Sim, isso estraga a gente. Deixa caído, mais magro, um tanto apático e nada poético. No começo, todo mundo fala pra experimentar, que é bom, que faz bem e te deixa mais forte e mais vivo, mas você se acha imune e fica só observando os outros ao seu redor. Inevitavelmente, acabei por provar a primeira vez na adolescência. E a sensação foi ótima. Correspondendo a todas as expectativas de uma primeira vez. Inesquecível. Inesquecivelmente arrebatador, diria. E foi um caminho sem volta. As sensações são viciantes. Consegue-se ver nuances de cores e tem-se percepções de sons e aromas que outrora não seria capaz de ter. As conversas trazem o riso sem razão aparente e há uma maravilhosa ilusão de que a gravidade é retirada de debaixo dos pés. E naquele momento somem todas as preocupações. Pode parecer meio assustador, mas é o maior barato e totalmente enlouquecedor. E há uma infinidade de sensações táteis também. Um abraço se torna sublime momento, no qual você se torna protetor e protegido ao mesmo tempo. É aí, então, que você acha que está tudo sob seu controle. Mas está enganado. Paradoxalmente e simultaneamente forte e fraco, acaba-se virando refém disso se passa a usar doses cada vez maiores. E cada vez é ainda melhor e maior. Então, acaba-se por viver em função desse novo vício. Todos os esforços são voltados para um único fim: doses de amor. Não apenas uma, mas o suficiente pra se embriagar completamente dele. E nunca foi tão bom ter uma overdose. Mas uma hora o efeito passa. E aí você só quer mais - e mais - nunca parecendo ser o suficiente. E se você não pode mais tê-lo, seu mundo desaba. O vazio toma o lugar de sua alma, antes preenchida pelo vício. O vício era, em essência, a própria alma. E a gravidade retorna para debaixo dos seus pés e para cima de seus ombros sem nenhuma piedade. E aí você quer, novamente, uma dose de um amor barato, de um amor qualquer pra anestesiar a dor. Entretanto, encontro-me em reabilitação. Reaprendendo a viver. E hoje não vou tomar minha dose. Só por hoje.
"Ah, to aprendendo a viver sem você
Ah, to aprendendo e não quero aprender..."
2 surtos poéticos/patéticos:
lindo ^^
engraçado que leio seu blog aos poucos, lendo atentamente cada palavra. bom texto, seu matheus.
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