Hermético.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

[I.Trustless toughts]

À falência, descrente
Assisto, da última clemência,
Derradeira súplica d'um sentimento
Débil produto popular!

Virastes então produto?
Denúncia! Da demência humana
Ergue o amor de superfície
Embasado na hipocrisia que emana
Em falácias de toda imundície
A este produto, apenas o meu luto...

Da falácia vem a falência
Da lisura, então, a cura
Mas só se sustenta aparência
Finda, assim, a aura mais pura!

[II.Nothing but a memory]

Houve um tempo, pois
Em que o mais formoso tema
A ser declamado no poema
Era o sentimento singelo
Era o elo entre ‘nós dois’

E o amor teve a infância
Em dias mais transparentes
Como nos olhos inocentes
Da criança que chora
Pela mãe que demora...

E o pranto cessa
Nas frases doces do Profeta
Ou começa nas dores d'um poeta
Porém, sempre amor...

[III.Hope helping]

D'onde então o afeto pulsa
Se peitos poetas são antes humanos?
O verso que engana os sentidos
Impuros, imundos, mundanos
É a poesia que corre doce nos ouvidos
E expulsa de mim essas repulsas!

A voz do verso torna-se audível e
Desprende o azedume encarcerado,
Encardido; o pretume encravado
No peito clemente faz-se luz
Em chamas no âmago sensível
Acende a palavra límpida e inocente
Que flui e transcende no espírito...

...Vem a sensação antes esquecida,
A candura que acalma o coração
A alma, agora mais pura, então
Capaz de amansar a inquietude
Na estruturação dos símbolos,
A magnitude dos sentimentos
Que são silabicamente organizados
Unindo o que o peito sente
Ao que a mente vê na poesia...

[IV.Worth it]

E discreto, o verso sentido é fagulha,
Que acende e borbulha o sangue poético,
Pois são corações que facilmente inflamam
Patéticos por amarem mais que os outros amam!

Peito poeta, inocente a palpitar...
Portanto, reconheço a condição
Daquele qu'inda não sabe amar
Mas que ama como única opção! 

“Eu sou poeta e não aprendi a amar” - Cássia Eller

‘Poético, patético, hermético.Do amor fez-se a poesia ou vice-versa? São tantas questões acerca que me falta o ar...’

1 surtos poéticos/patéticos:

Augusto Lost disse...

Quase um épico-lírico, ficou bonito.