Minha alma - a madita sob a cruz
Segue o rumo da peste e da agonia
E se cobre de dor, desgraça, e pus.
A maldita da noite, abolida do dia!
Errante por entre as velhas sepulturas
Segue a sombra entoando, em noite fria
O canto dolente das próprias desventuras
Enquando acende o fogo da candearia:
Descansa, oh, minha dor!
E busca na noite mais escura
Refúgio para tanta amargura,
O silêncio acolhedor...
Se amansa, oh, meu sofrer!
Posto que minha voz é lamento
E ressoante, faz-se o acalento
Pra minha dor adormecer.
Perdão, perdão aos quatro ventos
Pois sou filho do vinho, profano
E não nego os meus pecados
De um reles ser humano...
Súbita como surgiu, a sombra desvanece
Tal qual fogo-fátuo, assombro dos tolos
E leva consigo os infindos desconsolos
Entoados, ainda, na repetida antiga prece!
E some a sombra por entre o campo morto
O pendor, a treva e o mal são passageiros
Não se iluda, também o gozo e o conforto
Se apagam como o fogo daqueles candeeiros...
Não se iluda, também o gozo e o conforto
Se apagam como o fogo daqueles candeeiros...