Condicional.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

"Uma vida é pouco para tanto"
Lenine.

E, mais uma vez, encontro-me preso em meu quarto escuro, entre sentenças abstratas que vagueiam no espaço das quatro paredes que me guardam, tais como as quatro esquinas que limitam a liberdade das palavras ao verso escrito e não ao vento cantado. Encontro-me preso nesse porão escuro - sem direito a condicional - entre as linhas sem sentido aparente, entre as linhas não escritas da minha própria história. Nos espaços paralelos entre as retas que formam cada linha, entrelinhas, universos alternativos, acasos possíveis. Fui sentenciado, portanto, à condição daquele que vive inúmeros personagens nas várias vidas presentes em cada potencialidade de cada momento  - e quantos momentos. E se, no meu quarto escuro, eu apenas adormecesse em meio ao caos de pensamentos que me invadem agora? Essas palavras jamais existiriam. Encarcerado no meu próprio labirinto, vou achando os caminhos - pura ilusão. Se isso, então aquilo. Se, e somente se, eu fosse menos lógico! Como eu gostaria, para que pudesse, em vãos momentos, eu cantar ao negro céu, entristecido, o que era pra ter sido e não aconteceu. Simplesmente. No entanto, eu não fiz essa escolha e isso me dá outra consequência, outro caminho a ser seguido, outra vida que nunca esperei - e morrem tantas outras vidas que jamais saberei. Se eu fosse o primeiro a saber o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz, quem, então, agora eu seria? E se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado? O que não foi não é, mas...e se eu fosse menos lógico. Meu fim está, portanto, no tear de uma rede de probabilidades e condições ao qual me aprisiono. E, como um inseto capturado, quanto mais me debato, mais fico preso na teia. É sim uma armadilha. De mim para mim. E, por fim, entre tantas condições, o que permanece incondicional é minha vontade de ter certeza daquilo que seria... Oh, you think darkness is your ally, but you merely adopted the dark. I was born in it, molded by it. I didn’t see the light until I was already a man. By then, it was nothing to me but blinding! The shadows betray you, because they belong to me!
Paradoxos .

1 surtos poéticos/patéticos:

Mari Fernandes disse...

Sem a angústia de ser humano não seríamos nada. Entre a poesia que há no sofrimento e a ilusão de felicidade que há na ignorância, eu fico com a primeira. Em outras palavras, é nós!