Des-acordo.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

"Um olhar distante
 Diz tanto."


Quisera eu ser isto mera distração do mundo
Quando desabrocha, sem aviso, o devaneio lírico
E se mostram os detalhes ao observador profundo
Tão fundo que, acordado, tem seu estado onírico

O sonho vívido que desperta em tua fulgura

E se liberta do controle, sequer por um segundo
Onde o juízo se confunde em criador e criatura!
Lá no fundo da figura da própria fantasia oriundo

Quisera eu acreditar ser isto apenas sonho

E também em toda ilusão que se apresenta, triste
Neste mundo medonho, atroz, meu olhar tristonho
Se vai pra longe, instante onde o tempo não insiste

Existe, mas desiste de imperar neste mundo

Que, no lampejo pálido do breve devaneio onírico
Revela o sonhador lunático, tão triste e vagabundo
Que, nos olhos carrega seu admirável mundo lírico

A revoada de folhas em ventos de ternura

Plumas e pétalas que mergulham no céu profundo
Único abrigo que se cabe o louco e a sua loucura
De sonhar são - a ventura de um desatino fecundo

E sou o cenário quimérico que componho
No olhar que outrora era tão distante e tão triste
Em um sonho que diz tanto, e este olhar risonho
Segue adiante, delirante no sossego que persiste

O imaginário mais real se põe à minha frente
Ou real imaginado que cruza a fronteira que estala
Tal qual a face do espelho que estatela claramente
Na realidade como ela é: quisera eu poder sonhá-la!

1 surtos poéticos/patéticos:

Luiz Rosa Jr. disse...

A realidade se faz também de quimeras e fantasias, são os sonhos que movem os poetas, sonhos ou ilusões, se são mesmo poetas estão fadados a este privilégio ou maldição de sonhar intensamente como loucos nas nuvens, excelentes estes teus versos,

um cordial abraço, Luiz.