Calo, já calejado de tentar ter voz.
[...]
Sustento meu silêncio Silêncio que é a ausência da palavra
Pois é só o que consigo sustentar Ausência que pesa, suplício carregado
Além do peso acima dos ombros. Que me impede de carregar qualquer outra coisa
Silêncio meu, eloquente Ausência eloquente, na desistência de ter voz.
No qual as palavras emudecem Nesse mundo atroz, onde habitam os cegos por opção
E permaneço, assim, silente... E surdos por conveniência. Mas que fa(l)ham até demais.
A prosa é presa no caixão apertado A prosa amordaçada se debate no cárcere sepulcral
Enterrado a sete palmos da minha boca Onde foi aprisionada e sentenciada, indefesa
Onde morre o verso aversivo! À morte por asfixia, afogando-se no próprio ar...
Meu discurso perde o rumo, o ritmo. Dentro, reverbera até cessar, enlouquecer e ser
E se engasga, abrupto, no peito Enterrado vivo, sem ter para onde ir além do caixão
Que agora se faz seu leito Onde tudo é quieto, calado e silencioso...
De morte... ...e ninguém vai me ouvir gritar.
[...]
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