Hi-Lili, Hi-Lo
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Tudo vai ficar bem. Você vai melhorar. Isso passará. Isso passarinho. Eu digo que nada vai ficar bem. O que é o bem? Bem é o estado de normalidade do ser. Um estado vazio, com poucas emoções, comum, ordinário. Bem é o estado vazio de um ser humano. E se eu quiser ousar? Inovar, cair, perder, ganhar, sofrer, amar, chorar, sorrir, morrer, viver? Poucos momentos vivemos realmente. Quando o fazemos logo ouvimos "Você acha que vai dar certo?", "Acho que é melhor não.", "Toma cuidado!", "Para com isso!". Eu quero descuido. Eu quero descaso. Eu quero apostar. Não sou como os alemães que passam gerações para conseguir montar uma fortuna, sou como os russos que apostam tudo por uma chance na roleta. Uma vida nova ao sair vermelho par. O que vai acontecer comigo não importa. Viver importa. Você tem medo de quê? De quem? Revolucione(-se)! O medo não o deve impedir de mostrar de fazer de ser o seu melhor.
Por Sai Zica.
Ilusoscópio.
domingo, 15 de setembro de 2013
"Somos filhos das hostes imortais
Estamos além da sua vaga percepção"
Estamos além da sua vaga percepção"
Braia.
Às vezes, estar na vida é como estar na cadeira do oftalmologista para ler aquelas letrinhas: escolhe-se a melhor combinação de lentes para tornar a visão mais nítida. Essa ou a de antes? questiona o médico. Essa! Essa! A de antes, essa, a de ant...não sei se sou só eu, mas sempre acontece de confundir-se e não saber se a melhor é a atual ou a anterior! E se fica nítido demais também é estranho. Lembro que, logo que comecei a usar óculos, não me acomodei muito facilmente ao ver esse admirável mundo novo, c(h)egando até a rejeitar um pouco a idéia frente a essa limpidez, pois há muito havia me adaptado à visão turva...
E se, por acaso, for escolhida a lente "errada", mesmo que pela menor alteração na lente? Certamente, prejudicará a qualidade da imagem que é vista, mas nada irreversível. Tem-se total liberdade de trocar as lentes, quando quiser e pelo 'grau' que julgar melhor - ficar sem lente alguma também é uma opção válida.
Nada é realmente como enxergo, mudo as cores pra agradar meu ser...
O que busco dizer, na verdade, é que o mundo, no fim das contas, pode ser enxergado das mais diferentes formas, cores, tamanhos, texturas, sem que se tenha que assumir um juízo de valor do que é certo e o do que é errado. Lentes são escolhidas e divergem entre si do que podem ver - e principalmente do que não podem. A natureza pode ser descrita e demonstrada por fórmulas físicas, análises biológicas e experimentos químicos, ou pode ser, simplesmente, apreciada como a divindade propriamente dita ou fruto do amor divino, dádiva dada por um ser maior, Deus - o que o primeiro viés também não exclui (Universo?). O ser humano pode ser estudado por meio daquilo que faz, que é demonstrável e mensurável ou pela sua essência, seus medos e seus simbolismos, ou seja, pelo seu mundo externo ou pelo seu mundo interno, fundamentando-se na dicotomia comportamento vs. mente. Por fim, assume-se um foco na imagem, mas o que há no fundo - desfocado - não pode ser negligenciado, tendo em vista que nada é capaz de abarcar todas as explicações...
De certa forma, então, ao se olhar para o que nos circunda, estaremos sob influência da lente que assumimos para nós mesmos. A vida pode ser vista pela felicidade plena, verdadeira ou na alienação pela química, sendo essa o excesso de dopamina que nos dão essas sensações de felicidade e faz essa sociedade maníaca, onde todos tem de ser feliz o tempo todo; ou na melancolia, recanto de inspiração dos poetas, onde os sofrimentos são minuciosamente sentidos, sentidos tanto que viram palavras. A visão deturpada da felicidade e a atenção carinhosa à tristeza. Inversão, transgressão, foco no problema ou foco na solução...
Mas, como já dito, isso não é estático e se pode trocar quando lhe for conveniente, ainda que persista a ilusão de que aquela imagem é a verdade. Até pode ser naquele momento, mas há outras verdades. Como em um microscópio de ilusão, as ilusões adquirem proporções bem maiores do que realmente são e enganar-se - conscientemente ou não - faz parte...
O que tens em teu foco agora? O primeiro plano? O seco, morto, talhado, estável. Ou o segundo plano? O vívido, dinâmico, corrente, mutável. Se não está vendo alguma coisa, está na hora de consultar o seu oftalmologista pra mudar as lentes...
Pois enganar-se é uma opção desde que sejam conhecidas as outras opções.
PS,: "Quando os americanos iniciaram o lançamento de astronautas, se depararam com o seguinte problema: as canetas não funcionavam em gravidade próxima de zero. Para resolver esse enorme problema, contrataram a empresa de consultoria Andersen Consulting, hoje Accenture. Empregaram 12 milhões de dólares para sanar o problema. Conseguiram desenvolver uma caneta que escreve em gravidade zero, de ponta cabeça, debaixo d’água, praticamente em qualquer superfície, incluindo cristal, e em temperaturas desde 30ºC abaixo de zero até 300ºC. Os russos usaram... lápis."
Do livro: Lições de Vida
Paulo Mundin Prazeres
Edicta/Soleto
Paulo Mundin Prazeres
Edicta/Soleto
Divãneios.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Sente-se e relaxe. Repousam, aqui, apenas um amontoado de pensamentos soltos-loucos, uma espécie de associação livre, de idéias corriqueiras, em tom de monólogo auto-confessional. Pensamentos despretensiosos, devaneios, deslocados de qualquer sentido aparente. Aparente posto que a consciência simula o que nos melhor serve e faz o (des)favor de negar que até os nossos pensamentos mais desconexos fazem sentido - nada em absoluto está descolado do simbólico. Na vida, tudo é bobo, banal, até o momento em que se é atribuído significado e o objeto passa a ser divindade. E só percebemos isso se o falamos. O juízo manifesto ou onírico latente, quando verbalizado, é organizado e só daí podemos vislumbrar o que, de fato, se quer dizer. Eu acho graça de como, às vezes, o valor da palavra - do signo - passa despercebido. Tanto se fala em o terapeuta ir atender o paciente, mas...quem realmente é paciente nessa relação? O terapeuta irá ouvir, atentamente, o paciente até que esse consiga decifrar, no próprio discurso, as representações simbólicas e, em si, achar o significado daquilo que o aflige e o devora. Paciente-mente, o terapeuta irá até o momento de epifania - será a mente paciente a esperar até que o paciente se descubra. Até lá, ambos são pacientes na espera e procura hierarquizada da cura para a loucura. Não me diga o que fazer, não me mostre o que preciso ver. "Decifra-me ou devoro-te" disse a esfinge - ou tu te descobres desse manto enigmático, ou tu te auto-devorarás pelos teus leões. E quando, finalmente, a essência for decodificada, ela será tão boba quanto esse meu discurso...
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