Divãneios.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013


Sente-se e relaxe. Repousam, aqui, apenas um amontoado de pensamentos soltos-loucos, uma espécie de associação livre, de idéias corriqueiras, em tom de monólogo auto-confessional. Pensamentos despretensiosos, devaneios, deslocados de qualquer sentido aparente. Aparente posto que a consciência simula o que nos melhor serve e faz o (des)favor de negar que até os nossos pensamentos mais desconexos fazem sentido - nada em absoluto está descolado do simbólico. Na vida, tudo é bobo, banal, até o momento em que se é atribuído significado e o objeto passa a ser divindade. E só percebemos isso se o falamos. O juízo manifesto ou onírico latente, quando verbalizado, é organizado e só daí podemos vislumbrar o que, de fato, se quer dizer. Eu acho graça de como, às vezes, o valor da palavra - do signo - passa despercebido. Tanto se fala em o terapeuta ir atender o paciente, mas...quem realmente é paciente nessa relação? O terapeuta irá ouvir, atentamente, o paciente até que esse consiga decifrar, no próprio discurso, as representações simbólicas e, em si, achar o significado daquilo que o aflige e o devora. Paciente-mente, o terapeuta irá até o momento de epifania - será a mente paciente a esperar até que o paciente se descubra. Até lá, ambos são pacientes na espera e procura hierarquizada da cura para a loucura. Não me diga o que fazer, não me mostre o que preciso ver. "Decifra-me ou devoro-te" disse a esfinge - ou tu te descobres desse manto enigmático, ou tu te auto-devorarás pelos teus leões. E quando, finalmente, a essência for decodificada, ela será tão boba quanto esse meu discurso...

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