quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...

Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também"
- Renato Russo


...E as águas-de-março findavam o verão no céu e nos olhos dela. Dali em diante seria inverno, inferno talvez. Então, com os olhos marejados, ela se virou e ameaçou andar, mas não o fez. Deu uns três passos e parou. Ele, por sua vez, achou que ela não queria partir e até esboçou um sorriso no canto esquerdo da boca. Enganou-se talvez. Ela abaixou e amarrou com força os cadarços do seu all star azul, pois, já que iria andar, não queria tropeçar na estrada que seguiria dali em diante. Levantou-se e seguiu em frente. Ele, por sua vez, era daqueles largados demais que tocavam bossa-nova e rock n roll nas rodinhas de violão. Usava um all star preto de cano-meio-alto surrado. Não se importou, virou-se e tornou a caminhar também. Mas o nó estava frouxo e a cada passo se tornava ainda mais até que, depois de alguns passos, desamarrou. Ele era mesmo daqueles largados meio bêbado, meio equilibrista e não se importou, pois achou que não tropeçaria em momento algum. Enganou-se. Tropeçou, cambaleou e caiu. Ah, e se achas que ele levantou, enganou-se!

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