Blasfemando a nossa ignorância.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

"Mas aquele que critica a vida humana, sem atacar ninguém em particular, não parece querer antes advertir e repreender por conselhos do que ferir pela sátira? Aliás, quantas vezes não sou eu mesmo atacado? Aquele que não poupa nenhuma condição humana faz ver claramente que são os vícios, e não os homens, que ele critica." - Erasmo de Roterdã em Elogio da Loucura.

Imersos em uma realidade embriagada, vê-se tão bem quanto na escuridão abissal oceânica as verdades desse mundo. Andamos descartando o 'cogito' de Descartes e mergulhando cada vez mais na 'caverna' de Platão quando nos submetemos aos dogmas - leia-se como verdades absolutamente indubitáveis e indiscutíveis - de nossa existência, em qualquer aspecto. Louvemos e cantemos a ilusão!

Solfejo à Ilusão.

Sobre algum tom menor
Recita um tenor qualquer:
O tanto que, assim, me (dó)i
Este curso da vida, tão (re)les
Imerso em mentiras (mí)sticas
Dizendo ser ela mais uma (fá)bula
E que, no fim, tudo será (sol)
Sendo o real tardar a fria (lá)pide
E o remorso entonado em "(se)"...

Prendemo-nos a ilusórios (do)gmas,
Inúmeras preces e tantas (re)zas
Meras peças de um maior (mi)to
Infundado, baseado na fala (fa)lsa
Que em nada tem de (sól)ido
E esconde-nos a última (lá)stima.
O fardo humano se faz as(si)m,
Compasso da sinfonia da ignorância
Que se acaba em Requiem...

Quem?
quarta-feira, 21 de novembro de 2012


"Eu vi que o céu me atrai bem mais que o chão
Mas é tão cruel contemplar sozinho a imensidão"


Nunca andei olhando pra frente, pois o chão sempre me pareceu melhor opção, mais atraente. Percebi que, na verdade, ando olhando mais para os lados que normalmente, como se procurasse algo - perdido ou nunca tido. Talvez um rosto no meio de vários. E no meio de tanta gente chata, eu não encontrei você. Eu acabei é ficando chato também. Não tenho encontrado muita coisa nessa procura. Nem sequer a cura da minha loucura. Pura desilusão. Percebi também o quão cruel pode ser esse tal 'acaso' ao qual tenho me rendido: como probabilidades de eventos aleatórios podem mudar tanto em tão pouco tempo? Talvez procure aquele rosto que sempre via. Sempre. Com exatos cem por cento de chance de o evento ocorrer. As probabilidades mudaram e não vejo mais o rosto.  Restou o nunca. Parece-me, às vezes, que esses desencontros do acaso são de propósito. Quanto paradoxo, quanta indecisão.



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Por que ainda me entrego? Por que finjo ser cego? Melhor é ser conscientemente alienado a ser alienado por definição. Será?

Pena.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Pousa e me repousa em tuas asas...

Travo.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Fui tentar cantar, mas no entrave entre as vozes da razão e da emoção, 
apenas um travo de amargura, engasgo, aperto.

De fato, há algo diferente
Em minha voz, descrente
Que agora trava, ignora
A vontade do pulmão
De soprar a canção,
Que em outrora
Soara natural...
Tenho o aval
Para qualquer
Trova que quiser
Mas não, não essa...
Que a voz cessa,
Trava!
De fato, há um tom errante
Em minha voz, tão distante
Que se aperta, se perde
E no peito se acovarda,
Mas que resguarda
A minha dor,
O meu amor.


"Engraçado" como não canto mais como antes. A voz falha, treme, assim como minhas pernas. Cambaleio, mas não paro. O mundo costumava ser mais fácil. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012
"Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto..."
Renato Russo


Quero caminhar. Deixar pegadas na areia, ou nas nuvense possível. Quero olhar pra trás quando tiver vontade e ver o que foi e não o se fosse. Quero encontrar um lugar tranquilo. Fora ou dentro de mim. E vou levando assim, leve, que o acaso é amigo.