Chove de Noite.

terça-feira, 18 de março de 2014
         
Repentinamente, se derrama, uma a uma,
Em cada gota d'água tombada da escuridão
Que se espalha pela chão e a terra perfuma,
Mas que ecoa tal qual vozes em lamentação

Se derrama toda a tristeza em forma de prece

Pintada com tinta a base d'água, com clareza
Em traços simples, pincelados com a destreza
De quem está dentro da tormenta e se esquece

Oh, o céu que se desmancha em água e bruma
Conta o tempo da ampulheta, de grão em grão
E, de pingo em pingo, até que um dia acostuma
A se envelhecer chorando a benta purificação...

E eu não sei se é mesmo a chuva que entristece

Ou se a razão de chover é a própria tristeza!
Pois a água que afoga, afaga em dócil gentileza
E, tão logo, se despede na névoa que esmorece.


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