Mundo de garotas más.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016


Quando se está à deriva, qualquer luz parece atrativa e todo porto se finge seguro para um coração pirata. Sob um mar de ressaca e névoa de nicotina, deslizo seduzido pela cintilância que desatina em olhos que são faróis conduzindo como se conduz um inseto para o fim. Uma luz, em mim algoz - olhar fugaz. Repetidos e perdidos. Da vontade de um canto de sereia que ardesse o sangue nas veias, restou a quietude, o marasmo, a calmaria. A falsa ilusão de que o navegar errante seja prudente. E todo homem do mar sabe que a sorte pode virar em qualquer vento, subitamente em direção a águas misteriosas e potencialmente perigosas, das quais não se sabe o que irá emergir - ou no que se irá imergir. E quando o batimento acelera e intensifica, questiona-se se é fruto do anúncio de uma certeza sentida ou do medo do erro que se apresenta. Toda a prudência é extinta no desespero da tempestade. E a força do (a)mar não per-doa. Sem saber se será engolido pela tempestade, o pirata abre uma garrafa de rum e serve belas doses para dizer aquilo que sóbrio não pode se dizer: adeus.    


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